sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Clonagem & “O que virá de bom e pior” – Análise do Filme “Godsend”

O mundo do qual emerge as formas biológicas mais complexas, até agora somente e unicamente conhecidas, é o próprio “canto” em que nós habitamos. Esse tal canto, mais do que porção de terra e água, esconde e suporta aquilo que hoje são dos maiores segredos e incógnitas que a humanidade questiona. A divisão entre o que é correcto e consequentemente que é beneficiável e o que não é correcto, logo sendo assim prejudicial, está a começar a ser plantada e estruturada.
O barco que transporta aquilo que é o berço da nossa origem e o que é hoje o que nós somos, revela mesmo à nossa frente a imagem de uma questão ética sem igual. Algo de certo modo invisível, mas indubitavelmente sustentador de uma moeda de duas faces para o futuro imediato.
Tudo começou há cerca de 3,4 milhões de anos, quando ainda o planeta, imaturamente, ainda se encontrava numa fase de crescimento e de diferenciação. A chuva enegrecida era a rotina de cada dia, pelo que água e somente água formava aquilo a que hoje chamamos Terra. Os oceanos formaram-se, e, nas profundezas de estes mesmos desencadearam-se as primeiras reacções químicas que viriam a formar as primeiras formas de vida, as cianobactérias. Estes simples microrganismos de alguma forma, algo de intrinsecamente genético os percutiu, que através de algum processo teriam que continuar a dar azo à vida que se tinha instaurado. Desta forma surgiu um processo, no qual os gastos de energia eram mínimos em relação ao meio a que se apresentavam. A rapidez também pesou na questão…Tinha-se que assegurar a vida! E BUM… Um produto genuíno, um ser igual ao seu progenitor, tanto a nível físico, como genético… Assim nasceu um clone, assim de certo algo modo nasceu a clonagem reprodutiva…
Tal processo chega-nos até aos dias de hoje, tal como aconteceu há milhares e milhares de anos. A maior parte dos seres vivos como espécies, e principalmente as bactérias, presentearam a sua história evolutiva com base na clonagem… Resultado notório…Calcula-se que milhões e milhões de espécies de bactérias ainda estão por descobrir no seu ser…
Sendo tal questão milenar, qual o porquê de tanto alarido em torno da mesma?
O homem conseguiu transpor as barreiras biológicas. Em 1996, o primeiro mamífero foi clonado: Ian Wilmut e a sua equipa conseguiram “trazer” ao mundo a ovelha Dolly.
A transposição do processo em nada deve ser difícil para a forma de vida “racional”. A tentação de abrir a caixa de Pandora é grande. Que perigos ou benefícios esconderá?
O cerne da questão baseia-se de todo numa experiência mental que nós próprios teremos que ter capacidade de a construir. Tal como o filme, “Godsend” nos leva a outro mundo subconsciente onde este método é dado como possível…
Imagine-se então uma sociedade futurista… Uma civilização em que os casais têm o livre direito de optar pelo processo de clonagem reprodutiva, quer por opção, quer por motivos alheios. Infelizmente nesta concepção, nesta sociedade imaginada, os casais sofrem de uma grande taxa de infertilidade muitos perderam os seus filhos quando ainda eram pequenos. Igualmente, animais que outrora eram dados como extintos, têm a possibilidade de voltar á vida…
Sem dúvida alguma que aqueles casais que por motivos de infertilidade puderam obter um filho genética e fisicamente igual a um deles ou a outro indivíduo, trouxe um bem próprio e de certa forma geral. Um sonho tornado realidade, o filho tão querido, surge à vida. Genericamente se fossemos protectores da ideia de que o que interessa no bem da humanidade é o bem-estar das pessoas, sem dúvidas teríamos que dar esta prática como aceite. Contudo temos que olhar para o outro lado humano: estes seres, nesta fisionomia também eram rejeitados e maltratados por um conjunto de pessoas que os achavam algo de inferior. Desta maneira, muitos destes clones, foram alvo de violência e exclusão, muitos perderam a vida devido à euforia de indivíduos extremistas. Parte da mensagem que o filme nos quer transmitir, já que ao longo do mesmo há um medo notoriamente descrito pelos pais, de o seu filho, Adam, ser dado como a sua verdadeira identidade, e consequentemente que seja alvo deste tratamento.
Nestas condições a clonagem, sem dúvida alguma, não poderia ser dada como algo virtuoso, já que haveria seres, tal e qual como nós, com os mais diversos sentimentos, emoções, memória, entre outros, que iriam estar constantemente a ser alvo de atrocidades e maus tratos… Muitos sofreriam sem causa justificável alguma…
Outro inconveniente, pode perfeitamente passar no sentido de que os indivíduos que criaram um ser genética e fisicamente iguais a si nesta sociedade, não suportem ao fim de x anos alguém que possivelmente até nos gostos e crenças eram idênticas a si mesmo. Iriam então surgir sem dúvida alguma, maus tratos em massa… Os abandonos começariam a ser algo normal neste grupo. Os clones passaram a ser brinquedos…Será tal situação eticamente correcta?
Centrando-nos mais objectivamente no caso que nos é apresentado no filme, podemos observar consequências tais e quais como as apresentadas anteriormente, porventura mais questões se podem levantar, respectivamente no foro genético. Imagine-se então, que na nossa experiência mental, na sociedade idealizada, que é possível criar um clone a partir do ADN das células de dois indivíduos que já morreram e que durante a vida deste mesmo clone, este irá reviver e demonstrar os actos e vivências que anteriormente os seus “progenitores” viveram. Tal como já foi referido anteriormente, sem dúvida que a ressuscitação parcial de dois indivíduos iria trazer sem dúvida, uma alegria e bem-estar para as pessoa que o rodeiam, mas também os ditos problemas viriam. Contudo a base do maior problema consistiria nas recordações que este teria da vida anterior: o mal que este cometera, irá fazê-lo igualmente nesta vida, e desta forma, se por exemplo, tal matou uma pessoa na vida anterior, igualmente irá matar nesta nova realidade. Mesmo que seja agora de uma forma inconsciente, matar alguém, seja de que ponto de vista for, é altamente incorrecto. Igualmente porque não pensar, num doutor maluco, o “Doutor X”, que iria recriar figuras do mal, antepassados que mataram milhões e milhões de pessoas e que quase destruíram o mundo. Basta olhar e repensar o que seria Adolf Hitler nesta nova concepção. Em suma indubitavelmente temos a certeza que a recriação do mal, nunca traria um bem geral para a comunidade.
Olhemos por último, para o caso dos animais em vias de extinção, ou mesmo extintos, que puderam voltar à vida. Sem dúvida alguma seria bom reviver ou recuperar algumas espécies, contudo temos que referenciar o factor natureza e ecossistema global. Tudo o que acontece na natureza em nada é por acaso e muitas das extinções ocorrentes, quer a nível natural como por causa humana, foi para restabelecer um sistema em homeostasia. A recuperação destas espécies poderia vir a alterar de forma séria o sistema natural, podendo mesmo levar à sua ruptura. Também podemos pensar novamente no caso do “Doutor X”, em que este deliberadamente decide recria um animal com uma forma de pensar e racionalização superior à nossa, meio animal, meio humano… Possivelmente poderíamos vir a ser dominados por tal organismo…
Concluindo, tudo que escrevi, não passa de uma possível suposição feita na minha mente, do que poderá acontecer se abrirmos a tal dita caixa de Pandora. Tudo ou nada poderá vir a acontecer… A surpresa espera-nos dentro do ovo…

Henrique Aidos nº17 12ºB

8 comentários:

  1. está bem estruturado e bem desenvolvido. gostei muito da reflexão dele.

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  2. Gostei imenso como o Henrique , reflectiu acerca do filme " O Enviado" .

    Isabel Soares 12ºC

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  3. Uma boa reflexão, com ideias muito racionais e muito bem explicadas.

    Joana Sousa, nº18, 12ºB.

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  4. O Henrique fez uma boa reflexão, está bastante desenvolvida e tem ideias bem estruturadas e racionais.

    Márcia Pereira n.º13 12.ºC

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  5. Acho que a reflexão do Henrique está muito bem sesenvolvida e explicada.

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  6. Muito bem Henrique! É o teu discurso! Está perfeito! Sou a quinta pessoa a dizê-lo, mas está mesmo muito bem! Está digno de ser publicado num blog tão conceituado com este! eh eh

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  7. Boa reflexão... A continuar assim, os trabalhos do António Damásio terão concorrência...;)

    DanielFV nº12 12B

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  8. eu parece que vou ser o velho do Restelo...
    a reflexão do Judas Francisco está muito mal estruturada e não está em contexto com o problema exposto.
    isto tudo porque o judas saiu da minha turma.

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