quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O CASO ELLIOT



António Damásio, diretor do departamento de neurobiologia da universidade de Iowa, estudou de modo detalhado o caso de um paciente, Elliot. Sofrendo de um tumor cerebral, este foi operado com sucesso e o prognóstico revelava-se excelente. Contudo, assim não veio a acontecer: depois da operação, o paciente começou a evidenciar perturbações da personalidade que acabaram por o fazer perder o emprego e arruinaram a sua vida privada. Embora não manifestando, aparentemente, sofrer de algum sintoma, Elliot parecia ter-se tornado incapaz de agir de forma coerente. Encarregado de ler e de classificar uma série de documentos, acontecia-lhe, subitamente, mergulhar na leitura de um só desses documentos e passar assim todo o dia.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA NA CRIANÇA



Em determinado ponto, o pensamento atinge um estado de equilíbrio que, simultaneamente móvel e permanente, é de tal forma que a estrutura das totalidades operatórias se conserva quando estas assimilam elementos novos. Em termos psicológicos, explicar a inteligência consiste em descrever-lhe o desenvolvimento mostrando de que maneira este termina necessariamente no equilíbrio atrás referido. Deste ponto de vista, o trabalho da psicologia é comparável ao da embriologia, labor inicialmente descritivo e que consiste em analisar as fases e os períodos da morfogénese até ao equilíbrio final, constituído pela morfologia adulta, mas pesquisa que se torna “causal” mal os fatores que asseguram a passagem de um estádio para o seguinte são evidenciados. Portanto, a nossa tarefa é clara; trata-se de reconstruir a génese ou as fases de formação da inteligência até conseguir explicar o nível operatório final, de que acabámos de descrever as formas de equilíbrio. Em menos palavras, a explicação da inteligência consiste em colocar as operações superiores em continuidade com todo o desenvolvimento, sendo este concebido como uma evolução dirigida por necessidades internas de equilíbrio. Ora, esta continuidade funcional alia-se muito bem à distinção das estruturas sucessivas. Como, já o vimos, de início, é possível representar uma hierarquia das condutas, do reflexo e das perceções globais, como uma extensão progressiva das distâncias e uma complicação gradual dos trajetos que caracterizam as trocas entre o organismo (sujeito) e o meio (objetos), cada uma destas dilatações ou complicações representa então uma nova estrutura, ao mesmo tempo que a sua sucessão é submetida às necessidades de um equilíbrio que deve ser sempre mais móvel, em função da complexidade. O equilíbrio operatório realizará essas condições aquando do ponto máximo das distâncias possíveis (visto que a inteligência procura abarcar o universo) e da complexidade dos trajetos (posto que a dedução é capaz dos maiores “desvios”): este equilíbrio deve, por conseguinte, ser concebido como o termo de uma evolução da qual ainda falta descrever as etapas.
J. Piaget, La psychologie de l’intelligence, 1947

TAREFA: 
Segundo Piaget como se processa o desenvolvimento intelectual da criança? (Deixa a tua resposta na caixa dos comentários.)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

PRIMEIRA LIÇÃO – O CASO DE ANA O.


SENHORAS E SENHORES - Constitui para mim sensação nova e embaraçosa apresentar-me como conferencista ante um auditório de estudiosos do Novo Mundo. Considerando que devo esta honra tão-somente ao facto de estar o meu nome ligado ao tema da psicanálise, será esse, por consequência, o assunto de que lhes falarei, tentando proporcionar-lhes, o mais sinteticamente possível, uma visão de conjunto da história inicial e do ulterior desenvolvimento desse novo processo semiológico e terapêutico.
Se algum mérito existe em ter dado vida à psicanálise, a mim não cabe,  pois não participei das suas origens. Era ainda estudante e ocupava-me com os meus últimos exames, quando outro médico de Viena, o Dr. Joseph Breuer,  empregou pela primeira vez esse método no tratamento de uma jovem histérica (1880-1882). Ocupemo-nos, pois, primeiramente, da história clínica e terapêutica desse caso, a qual se acha minuciosamente descrita nos Studies on Hysteria (Estudos Sobre a histeria) [1895d] que mais tarde publicamos, o Dr. Breuer e eu.
Mas, preliminarmente, uma observação. Vim a saber, aliás com satisfação, que a maioria dos meus ouvintes não pertence à classe médica. Não cuidem, porém, que seja necessária uma especial cultura médica para acompanhar a minha exposição. Caminharemos por algum tempo ao lado dos médicos, mas logo deles nos apartaremos, para seguir, com o Dr. Breuer, uma rota absolutamente original.

sábado, 29 de setembro de 2012

PSICANÁLISE - AS ORIGENS DA PSICANÁLISE


PSICANÁLISE


A EVOLUÇÃO DA PSICOLOGIA - A PSICOLOGIA CIENTÍTICA


A EVOLUÇÃO DA PSICOLOGIA - ORIGEM DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA


EVOLUÇÃO DA PSICOLOGIA - A PSICOLOGIA FILOSÓFICA


PSICOLOGIA E MISTICISMO


OBJETO DA PSICOLOGIA


domingo, 23 de setembro de 2012

PSICOLOGIA CIENTÍFICA


PSICOLOGIA DO SENSO COMUM


HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: O PARADOXO TEMPORAL


Começamos com um paradoxo, ou com uma contradição aparente, observando que a psicologia é uma das disciplinas académicas mais antigas e, ao mesmo tempo, uma das mais modernas. As pesquisas sobre a natureza do comportamento humano remontam ao séc. V a. C., quando os filósofos gregos, como Platão e Aristóteles, se empenhavam para resolver muitos dos problemas de interesse dos psicólogos até hoje. Desse modo, um ponto que pode servir de início ao estudo da história da psicologia localiza-se cerca de 2500 anos atrás, nos antigos textos filosóficos a respeito desses temas (tais como a perceção, a memória, a aprendizagem, a motivação e o pensamento) que mais tarde foram incluídos na disciplina formalmente conhecida como psicologia.