Quem é que nunca ouviu expressões como “a primeira impressão é a que fica” e “não terás uma segunda oportunidade de causar uma primeira boa impressão”?
Num processo de Recrutamento e Selecção para um emprego, a primeira oportunidade de causar “boa impressão” surge na triagem curricular e posteriormente na entrevista.
Como é que o entrevistador formula a sua impressão acerca do seu entrevistado?
Para criarmos uma impressão acerca de outra pessoa, não necessitamos, em geral, de muita informação.
A informação pode obter-se de forma directa, através da interacção, observando o comportamento verbal e não verbal, e de forma indirecta, como, por exemplo, através do “ouvir dizer”. Contudo, frequentemente, basta-nos percepcionar pequenos indícios do seu comportamento para rapidamente nos sentirmos em condições de podermos fazer juízos acerca de uma série de atributos que, supostamente, caracterizam essa pessoa. O facto de não termos observado realmente qualquer desses atributos em nada abala a nossa convicção. E, apesar de uma pessoa poder relevar características diferentes, ou mesmo contraditórias, não hesitamos em criar dela uma impressão unificada.
Formar uma impressão significa organizar a informação disponível acerca de uma pessoa de modo a podermos integrá-la numa categoria significativa para nós.
Quando se trata de primeiras impressões, uma componente fundamental dessa organização é a categoria avaliativa. Embora a avaliação possa ser de tipo afectivo (gostar/não gostar), moral (bom/mau) e instrumental (competente/incompetente), a generalidade da pesquisa sobre formação de impressões tem incidido essencialmente sobre o primeiro e segundo tipo. No entanto, a primeira impressão é mais vasta do que essa primeira reacção avaliativa. Efectivamente, a partir do momento em que fica estabelecida a avaliação positiva ou negativa, e sem mais informação, sentirmo-nos capazes de fazer inferências “óbvias” acerca da inteligência, da integridade, da ambição, do sucesso profissional, etc., da pessoa em causa.
A facilidade com que se tende a ir além da informação específica de que se dispõe revela que esta não é processada no vácuo e que as pessoas utilizam as suas estruturas cognitivas, ou esquemas, para a completarem e tornarem coerente.
De facto, o entrevistador, apenas consegue decifrar e interpretar os estímulos verbais e não verbais relativos à outra pessoa, e ao contexto em que se encontram, com base nos conhecimento que já possui e que incluem representações de traços, de comportamentos, de estereótipos e de situações sociais assim como das suas inter-relações.
Jorge Vala, Maria Benedicta Monteiro (2002), Psicologia Social. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Logo nas primeiras aulas do mês de Janeiro vamos estudar as impressões. Qual é a importância da formação das impressões? Como é que elas se formam? Deixa a tua resposta na caixa dos comentários.